dezembro 05, 2009

A Osesp sob o comando de Frank Shipway

Ainda que a plateia tenha delirado com O festim de Baltazar, de William Walton (ouvi a peça tendo a impressão, durante alguns trechos, de estar assistindo a um filme de Cecil B. DeMille), o melhor momento da noite, nesta última quinta-feira, foi a Sinfonia nº 29 em lá maior, de Mozart. Sob a regência de Frank Shipway, a orquestra tocou com, digamos, sabedoria. O Andante, de extrema delicadeza, e o lirismo às vezes quase infantil de Mozart, que nos dá uma insuperável sensação de jovialidade, como se a alegria pudesse subsistir para além daqueles minutos em que nos protegemos na sala de concerto: Shipway conseguiu extrair da orquestra os sons, as variações mais tênues. Com um currículo impressionante, ele rege destilando a dignidade que se espera de um grande maestro, e demonstra, a cada gesto, não só dar o melhor de si, mas realmente dialogar com a orquestra; um diálogo não apenas profícuo, mas que obteve da Osesp o que ela tem de melhor. E ao final da programação, o observador atento pôde perceber como a própria orquestra agradecia ao regente por ter feito o que, neste ano de 2009, nenhum outro conseguiu fazer.

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