setembro 12, 2011

Joaquim Nabuco – o antifilisteu

No Rascunho deste mês, meu ensaio sobre o clássico Minha formação, de Joaquim Nabuco.

Leiam um trecho:

No ensaio “Um capítulo da higiene mental dos artistas”, Hermann Hesse fala sobre a importância do ócio na vida do escritor. O tom às vezes exageradamente hedonístico dessas páginas não me agrada, mas o romancista alemão está certo quando diz que “o trabalho intelectual se deixa envolver e dominar” cada vez mais “pela atividade industrial rude e violenta, sem tradição e bom gosto” e que “retalhamos o tempo em pequenos e ínfimos pedaços, dos quais cada um tem ainda o valor de uma moeda”. O texto, escrito em 1940, permanece atual, com um agravante: a arte, contaminando-se, de maneira crescente, do corriqueiro, do vulgar, passou a obedecer a certo filistinismo hostil, zombeteiro até, em relação à estética que, repelindo a demagogice, anseia preservar um mínimo de virtuoso requinte. Nabuco tinha perfeita consciência disso e denunciava que “o público, o protetor moderno das letras, cuja generosidade tem sido tão decantada, não passa de um Mecenas de meia-cultura”. Não por outro motivo ele alertou, 40 anos antes de Hesse, que

a primeira condição para o espírito receber a impressão de uma grande criação qualquer, seja ela de Deus, seja das épocas — nada é puramente individual —, é o repouso, a ocasião, a passividade, o apagamento do pensamento próprio […].

Um comentário:

Pedrita disse...

não há necessidade de vivermos no ócio, mas q o ócio é criativo, é. é preciso vários momentos de nada para produzir com qualidade. beijos, pedrita