janeiro 07, 2014

“Em tudo o que é linguagem humana sorri a morte” — Hermann Broch

“A metáfora ainda não é o conhecimento, não, segue ao conhecimento, porém às vezes o precede, como um pressentimento ilícito, imperfeito, que somente é utilizado pelas palavras, e então, ao invés de adentrar-se no conhecimento, se plantará à frente dele, encobrindo-o, qual biombo escuro.

[...]

Somente por metáforas pode-se captar a vida, só por metáforas se pode expressar a metáfora; a cadeia das metáforas não tem fim, e unicamente a morte carece delas, a morte rumo à qual se estende essa cadeia, como ao seu último elo, que, no entanto, já se achasse fora dela,... como se todas aquelas metáforas estivessem formadas exclusivamente em prol da morte, a fim de apanharem, apesar de tudo, a sua ausência de metáforas, sim, como se só por meio dela a língua pudesse reobter sua simplicidade original, como se a morte fosse o lugar de nascimento da linguagem terrenamente singela, do símbolo mais terreno  e todavia mais divino: em tudo o que é linguagem humana sorri a morte.”

— Hermann Broch em A Morte de Virgílio, obra que estudamos na 8ª aula do curso “Prática de Leitura e Formação do Estilo”.

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